Para onde vai o lixo eletrônico que produzimos? O que é feito? Veja alguns pontos que preocupam especialistas em meio ambiente.
Você já pensou em um mundo sem baterias? Bem, se muita gente nem chegou a conhecer o mundo antes do wi-fi, o que dizer da época em que não existia nada móvel? Sim, porque é ela, a bateria, que ao armazenar energia elétrica permite que existam telefones celulares, notebooks, lanternas e todos os portáteis que você conhece. Das antigas, mas bravas, pilhas às super modernas baterias de lítio-ion, o grande problema está em quando elas acabam de vez ou quando o aparelho simplesmente vai para o lixo porque será trocado por outro mais moderno – coisa, aliás, que acontece cada vez mais rápido.
O chamado resíduo eletrônico representa espantosos 5% de todo o lixo do mundo. São 50 milhões de toneladas de eletrônicos, entre eles celulares e baterias, jogados fora por ano no mundo inteiro, cheios de substâncias nocivas à saúde e ao meio ambiente quando descartados de forma errada. É de assustar. E reciclagem, quem é que faz?
Pelo visto poucas pessoas já conseguiram entender que a questão é séria. Até 2005, o normal era ficar com o mesmo celular por cerca dois anos, mas em 2013 a média de tempo já era de apenas alguns meses, pelo fato das pessoas não terem um seguro para seu smartphone que cobre perdas e danos. No entanto, dos cerca de 80 milhões de celulares e baterias comercializados no Brasil anualmente, 98% deles são descartados no lixo comum ou ficam esquecidos em alguma gaveta da casa, apenas 2% são levados para reciclagem.
E não é por falta de locais apropriados. Além das centrais de reciclagem espalhadas pelo país, distribuidores, assistências técnicas e os próprios fabricantes de telefonia móvel mantêm pontos de coleta desses resíduos. Mas vamos ser sinceros, quantas baterias você já levou para a reciclagem até hoje?
Quanto mais os smartphones ficam realmente smart, mais a bateria precisa ser poderosa para dar conta de tantas funções. Sim, elas ficaram mais caras, mais leves e resistentes, mais seguras e também menos poluentes, mas acabam sendo nocivas à saúde e ao meio ambiente quando descartadas inadequadamente por conterem elementos como alumínio, manganês, ferro, cobre, cádmio, cobalto e níquel, além do lítio, considerado o metal alcalino mais tóxico e inflamável quando exposto a altas temperaturas ou diretamente ao fogo. Quando enviados para o lixo comum esses elementos contaminam a água e o solo, sem controle.
Além da questão da saúde e do meio ambiente, no entanto, a reciclagem é também uma questão de sustentabilidade: por ano são usadas 320 toneladas de ouro e 7,5 mil toneladas de prata na produção de smatphones, tablets, laptops e PCs em todo o mundo, ou seja, o impacto na natureza começa já na extração da matéria-prima. Assim, a reciclagem garante o reaproveitamento do que foi extraído, inclusive em outras áreas – ou mesmo em novas baterias.
A expectativa é que esses metais nobres reciclados e reaproveitados acabem se transformando em uma verdadeira mina em um futuro próximo, com os depósitos de metais estratégicos sendo as maiores fontes de matéria-prima das cidades. Só para você ter uma ideia, de 40 celulares antigos é possível recuperar a mesma quantidade de ouro que de 1 tonelada do minério bruto: a concentração de metais no lixo eletrônico é considerada muito maior do que nas minas. Não dá para ficar indiferente. Quem quer um mundo melhor sabe que o caminho passa pela reciclagem
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