Smartphone com TV digital deixam de ser obrigado a possuir software nacional

Com smartphones cada vez mais completos, além de realizar chamadas, somos capazes de enviar mensagens, nos conectar com o mundo todo, tirar fotos e até… Assistir TV. E, ainda por cima, com qualidade digital. Pelo menos é a função que alguns dispositivos oferecem desde que saem das lojas até entrar no seu bolso.

Para quem está acostumado com essa facilidade e faz deste fator essencial na hora de trocar de celular, fique ligado. O governo está propondo uma série de mudanças para as fabricantes de smartphones.

O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação definiram, recentemente, novas portarias para este tipo de tecnologia. Elas são válidas para todo o território nacional e referentes à instalação da cota de produção de TV digital e ao software nacional Ginga.

usuário de smartphone com tv digital no ônibus

Como era

A partir do ano passado, 2015, de acordo com as regras definidas com a indústria, 15% dos smartphones deveriam sair das fábricas com capacidade de receber o sinal de TV digital nacional. Em 2016, deveriam ser 20% dos dispositivos, e, em 2017, 40% dos celulares do tipo smartphones teriam a capacidade de receber esse sinal.

Além disso, para cada smartphone que tivesse um software Ginga embarcado, a colocação da tecnologia brasileira representaria um multiplicador de 2 no último ano, de 1,2 neste ano, e, finalmente, de 1 a partir do próximo ano.

Para ter direito a exceções, as empresas deveriam investir no desenvolvimento em pesquisas, fornecendo mais investimento para a área.

Como ficou

A novidade agora é que a importância do Ginga ficou diminuída, já que não precisa mais vir embarcado.

Mesmo assim, os smartphones que incorporarem o software nacional Ginga serão contabilizados em dobro no cálculo do percentual mínimo, o que diminui as vantagens para a tecnologia nacional. Além disso, os celulares que adotarem a capacidade de recepção de sinais de TV digital serão contabilizados na mesma proporção que os celulares fabricados com o Ginga, o que significa que não será somente a tecnologia nacional que terá preferência na hora da fabricação.

O texto não modificou a exigência dos percentuais para os terminais com acesso a TV digital.

As novas propostas foram elaboradas após consulta pública.

O que é o Ginga

O Ginga é um tipo de software que permite a interatividade nas TVs que recebem o sinal digital, e foi criado por duas universidades brasileiras. A partir da especificação técnica, os fabricantes podem desenvolver versões do software de acordo com as preferências da própria empresa.

Os usuários poderiam ter, por exemplo, informações complementares à programação regular de TV a partir de aplicativos interativos enviados pelas próprias emissoras por meio do sinal digital, como, por exemplo, notícias, resumos das novelas e acesso às redes sociais do canal. Entretanto, é necessário levar em conta que algumas dessas novidades só ficariam disponíveis para quem tem acesso à Internet no smartphone.

A discussão

O modelo proposto pelo Ginga ficará, então, restrito à obrigatoriedade dos televisores. Uma das grandes perguntas é se a tecnologia poderá sobreviver apenas nestes aparelhos, uma vez que os campeões de vendas hoje em dia não são mais as telonas, e sim as telinhas, principalmente celulares do tipo smartphone.

A pressão também vinha das operadoras de celular, que acabavam não comprando smartphones com TV digital pois o custo era bem maior e teria que ser repassado aos clientes, o que não era lucrativo. Já os fabricantes de smartphones alegavam que o alto custo vinha justamente por causa da obrigatoriedade de se embutir o Ginga no dispositivo. Com a queda dessa obrigatoriedade, coíbe-se ainda, o mercado paralelo de celulares vendidos como se tivessem TV digital, mas sem o selo de certificação.

Mesmo assim, são ainda poucos modelos fabricados com a opção de interatividade por meio do Ginga, principalmente porque a fabricante fica à mercê das especificidades do software, e não pode incluir uma série de recursos que não é suportado por ele.

Caso o sonho tivesse virado realidade também nos smartphones, o país poderia ter feito dos smartphones um instrumento de inclusão digital difundido amplamente. Entretanto, até o momento, parece que o melhor a se fazer com seu dispositivo é aproveitar ao máximo as diversas funcionalidades que são oferecidas.